quarta-feira, maio 31, 2006

Leituras


“Nós não podemos perscrutar o segredo de Deus – vemos apenas fragmentos e erramos se queremos tornar-nos juizes de Deus e da história. Não defenderemos assim o homem, contribuiremos apenas para a sua destruição. Não, em última análise, temos que continuar a gritar para Deus, com humildade e insistência: Desperta! Não esqueças a tua criatura, o homem! E o nosso grito a Deus deve ser ao mesmo tempo um grito que penetra no nosso próprio coração para que desperte em nós a sua presença escondida– para que aquele poder que Ele depositou nos nossos corações não fique coberto e sufocado em nós pela lama do egoísmo, do medo dos homens, da indiferença, do oportunismo”.
Bento XVI, em Auschwitz

sábado, maio 27, 2006

Advertências

[sobre a oração]


Não sejas presumido: não pretendas que a tua oração se faça de palavras inéditas e de músicas desconhecidas.
Quando a arte ou a oração buscam o inédito ou o obscuro caiem no extravagante.
Evita o eu, a não ser nas orações de arrependimento; repete frequentemente o nós, que é a oração da Igreja. Reza os salmos e as orações litânicas. Se cantares, canta as músicas antigas. Não tentes desencarreirar da salmodia gregoriana, pois acabarás no tango.


G. Torrente Ballester, in Compostela y su ángel

quinta-feira, maio 25, 2006

Dia de África


Hoje, 25 de Maio, celebra-se o Dia de África. É um dia especial para todos aqueles que não esquecem o continente "esquecido". Vamos falar de África, das coisas boas e positivas que lá existem (a solidariedade, o acolhimento). Vamos falar de África e das suas causas (a luta contra a fome, a democracia, os refugiados, o desenvolvimento). Não vamos esquecer que África faz parte da nossa história pessoal e nos abriu os braços para nos acolher em sua casa.

terça-feira, maio 23, 2006

Leituras

[sobre o desprendimento]

"Jesus não possuía senão um pente e uma caneca. Viu uma vez um homem a pentear o cabelo com os dedos e logo deitou fora o pente. Viu outro homem a beber água do rio fazendo uma concha com as mãos e, por isso, deitou fora a caneca."

in Tarif Khalidi, Jesus Muçulmano. Máximas e histórias da literatura islâmica

segunda-feira, maio 22, 2006

Mil palavras

[Foto: M. C. Silva]

LOC e o futuro do trabalho

Ontem (21 de Maio) realizou-se em Guimarães o Encontro Nacional dos Trabalhadores, promovido pela Liga Operária Católica (LOC). O tema deste Encontro foi "O futuro do trabalho".
Na secção de abertura foi apresentada uma encenação sobre as realidades da vida dos trabalhadores. Esta representação cénica foi de tão oportuna que o primeiro orador, engenheiro Bruto da Costa, começou a sua intervenção afirmando que "precisava de algumas horas para digerir o murro no estômago que levei com esta encenação".
Bruto da Costa falou do futuro do trabalho como futuro do mundo. Trata-se, contudo, de um mundo que é diferente, onde as exigências são também diferentes. É necessário uma formação não só inicial, mas durante a vida, cada vez mais séria e exigente. A qualificação é um problema decisivo. Apontando algumas linhas de futuro, não deixou de referir, contudo, que se dos 20% dos mais ricos em Portugal abdicassem de 5% terminaria a pobreza neste país.
Da encenação que abriu este Encontro, destaco duas afirmações que me comoveram: "Não há quem vença uma mãe diante da fome dos filhos" e "Nós precisamos de pão para hoje". A LOC está a celebrar os seus 70 anos de existência. No Encontro esteve presente D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

[A. Leite]

quinta-feira, maio 18, 2006

Marcha contra a fome

Dia 21 de Maio de 2006 às 10h00.
Lisboa:
Torre de Belém – Docas
Porto: Cais de Gaia – Passeio Alegre
Açores: Ponta Delgada => Portas da Cidade
Horta => Peter Café Sport – Cais de Santa Cruz


Dia 21 de Maio (próximo domingo) realiza-se uma marcha a nível mundial contra a fome no mundo. Prevê-se que mais de um milhão de pessoas participem nesta inicativa. A Marcha Mundial Contra a Fome – Walk the World – é uma manifestação global anual destinada a promover a sensibilização e recolher fundos para os programas internacionais de combate à fome infantil. A finalidade é sensibilizar a opinião pública, recolher fundos para os programas que abordam o problema da fome infantil e apelar aos políticos para que se engajem no combate à pobreza. No ano passado, mais de 201.000 pessoas marcharam em 91 países e recolheram dinheiro suficiente para alimentar 70.000 alunos durante um ano. Em Portugal a marcha será em Lisboa, no Porto e Açores.

quarta-feira, maio 17, 2006

A beleza da cruz


Anualmente, em Cerzedelo, no coração do Vale do Ave, a Primavera estende-se pelas ruas em tapetes de flores e de verdura.

A Festa das Cruzes começa sábado com o assear das dezasseis cruzes que estão à guarda de outras tantas famílias. A madeira nua é coberta com farinha de centeio onde mãos engenhosas espetam pétalas de rosas e outras flores desenhando em cor e beleza as linhas e ornamentos da cruz. São longas horas de devoção e perícia que passa de geração em geração. No domingo, as cruzes floridas são expostas no adro da igreja onde decorrerá a celebração da Luz.

O momento mais comovente da festa é a procissão do Senhor aos Entrevados na manhã de domingo. De madrugada as ruas são transformadas num interrupto tapete florido por onde passará o sacerdote leva a comunhão aos doentes. Ninguém se atreve a pisar as flores antes da passagem do Senhor. O troar dos bombos dos escuteiros e a banda de música anunciam a passagem da procissão. O povo acompanha, rezando e cantando.

As flores em breve estarão murchas. Porém, na sua beleza frágil são um hino de fé daquele povo. Estão ali só para possibilitar a passagem do Senhor do universo e da história. A extensão do tapete e a urdidura dos desenhos falam da solidariedade e dos laços de vizinhança que, durante a noite, do asfalto fizeram um caminho mágico cheio de cor e de vida.

Não parece, mas tudo ali fala da Páscoa e do Ressuscitado. As cruzes floridas, a luz que se multiplica de vela em vela, as ruas transformadas em jardim. São Paulo escreveu um dia que a cruz de Cristo é loucura para os gregos e escândalo para os judeus. Para os crentes ela é a expressão mais sublime do amor de Deus.

Contacto SVD

O jornal Contacto SVD de Maio-Junho dá relevo à Bíblia. No contexto do encerramento do Ano Verbita da leitura da Bíblia traz uma entrevista com o Pe. Manuel Abreu que, em Moçambique, procura que a Bíblia seja conhecida e acessível a todos os cristãos. Também se destacam os 50 anos da Editorial Verbo Divino, uma editora de referência no campo da edição e divulgação da Palavra de Deus.
Outros destaques: Rui Lopes escreve sobre a proliferação das armas ligeiras em Portugal. José Cortes dá-nos conta da destruição da floresta amazónica às mãos das multinacionais que produzem soja e Jorge Fernandes escreve sobre o diálogo inter-religioso. Este número do Contacto SVD insere também as habituais secções de notícias missionárias e colunas de reflexão. Faz, também referência biográfica à Madre Josefa Stenmanns, co-fundadora das Servas Missionárias do Espírito Santo, no contexto da preparação para a sua anunciada beatificação.

segunda-feira, maio 15, 2006

O evangelho de Judas

No meio de uma poderosa campanha publicitária foi publicado recentemente o chamado evangelho de Judas. O destaque dado a este texto reacendeu antigas polémicas teológicas e veio alertar os cristãos para a urgência da formação da fé.

A revista National Geographic publicou, na sua edição de Maio, o conteúdo de um textoo do século IV intitulado o evangelho de Judas. O manuscrito em papiro foi descoberto nos anos 70 no Egipto. Tem 26 páginas, e supõe-se que seja a tradução copta de um outro do século II. Este evangelho apócrifo já era conhecido por uma referência de Santo Irineu, bispo de Lyon, no século II que denunciava as heresias nele contidas. Consideram-se evangelhos apócrifos (do grego oculto, não autêntico) os textos atribuídos a figuras destacadas do cristianismo primitivo mas que não foram aceites pelos primeiros cristãos por conterem doutrinas contrárias à sua fé.

O texto agora descoberto foi estudado por especialistas em paleografia e cristianismo copta. Segundo estes estudiosos o evangelho apócrifo de Judas devia ser um texto grego de origem gnóstica, escrito pela seita dos cainitas, em meados do século II. Esta seita destacava todas as figuras negativas das escrituras judaicas e cristãs, como a serpente tentadora, Caim (daí o seu nome), Esaú e Judas. A publicação deste manuscrito constituiu um grande acontecimento mediático. A sua publicação dois dias antes da Páscoa e a campanha subjacente para a reabilitação da figura de Judas deram grande eco ao evento.

O texto contribui para conhecer melhor o ambiente cultural e religioso onde os primeiros cristãos cristãos viviam. Todavia, teologicamente, o papiro não traz qualquer novidade. O seu conteúdo é claramente gnóstico. O gnosticismo era uma corrente filosófica e religiosa que defendia que a salvação se alcançaria através de um exercício intelectual, adquirindo a sabedoria. O gnosticismo tem uma atitude negativa em relação ao mundo. O gnosticismo defendia que o mundo é mau e que os seres humanos possuem uma partícula divina em si que precisa ser libertada da prisão deste mundo.

Uma frase do evangelho de Judas que Jesus dirige ao seu discípulo “Irás superá-los a todos, pois sacrificarás o corpo que me reveste” ilustra o pensamento dos gnósticos. Eles defendiam que através da sabedoria podia-se libertar o divino que há no homem. Por outro lado, eles não aceitavam a divindade de Jesus, nem a humanidade de Cristo. Jesus era apenas uma “máscara” de Deus. Cristo não teria corpo físico e, por isso, Jesus Cristo não podia ter sofrido nem morrido na cruz.

Os evangelhos apócrifos foram recusados pelos cristãos dos primeiros séculos porque totalmente contrários ao núcleo central da sua fé: a encarnação de Jesus Cristo. Ao contrário do Jesus divulgado pelos apócrifos, o Jesus dos Evangelhos canónicos é um Jesus humano, próximo de nós. É um Jesus que tem sede, chora, angustia-se, irrita-se, sofre e morre. O Jesus dos apócrifos é um Jesus que só fala e faz discursos intermináveis; é um Jesus distante da vida real, ou como defendiam os gnósticos era apenas um homem a fingir, Deus com uma máscara humana.

quinta-feira, maio 11, 2006

Cerzedelo - Cruzes em flor

A linguagem da cruz é certamente loucura para os que se perdem mas, para os que se salvam, para nós, é força de Deus
(1ª carta aos Coríntios)

Procissão do Senhor aos Entrevados - Cerzedelo

Procissão do Senhor aos Entrevados


Durante a manhã da Festa das Cruzes o sacerdote percorre as ruas enfeitadas com os tapetes de flores para ir levar a comunhão aos doentes. O povo acompanha o Santíssimo com cânticos, banda de música, foguetes e mais flores.

Festa das Cruzes - assear as ruas


De madrugada as ruas transformam-se em tapetes de flores, por onde em breve passará a procissão que levará a comunhão aos doentes.

Festa das Cruzes - Cerzedelo

Véspera: Assear as cruzes

Mãos de mulher colocam as rosas sobre antigas cruzes de madeira. Há muitas gerações que é assim em Cerzedelo (Guimarães). Depois as cruzes floridas são levadas para o adro da igreja e proclamam - a quem tem olhos para ver - que Cristo ressuscitou.

quinta-feira, maio 04, 2006

Festival de Tunas ajuda voluntariado

6 de Maio, às 21 horas, no Grande Auditório da Universidade do Minho, em Guimarães tem lugar um Festival de Tunas. Objectivo: angariação de fundos para o projecto Abrir Caminhos. Este projecto de voluntariado missionário tem sido concretizado em Angola por leigos do grupo Diálogos. Também este ano uma equipa de voluntários se está a preparar para partir para Angola, em Agosto.