ka asempa
ka asempa [kã assempá] é uma expressão em língua Twi do Ghana. Significa anunciar o Evangelho. À letra esta expressão quer dizer falar/proferir palavras boas (falar: ka asem; palavra boa: asempa). Que seja este o horizonte deste blogue.
domingo, abril 08, 2007
sábado, abril 07, 2007
Sábado Santo
Hoje, Sábado Santo, a Igreja vigia junto da sepultura de Jesus meditando na sua morte. É, também, um dia de esperança na vitória da vida sobre a morte. Julgo que estes versos de Daniel Faria ilustram este desejo: "Sei bem que não mereço um dia entrar no céu / Mas nem por isso escrevo a minha casa sobre a terra"
sexta-feira, abril 06, 2007
era a terceira hora quando o crucificaram
"O condenado está por fim só e desarmado perante a imensidade do mal. De novo a súplica, o desconsolo, o abandono, a esterilidade da dor. A morte será o mais radical fracasso. Nada se explica, nem então nem para nós agora. Porque não explica Deus o mal. Menos ainda o justifica ou o desculpa. Este homem que atravessa a noite escura faz na morte a única coisa que perdura: perdoa, serve, cura, assume até ao extremo as consequências do mal."
Luís Soares Barbosa, Embora seja noite (2006)
quinta-feira, abril 05, 2007
Quinta-feira Santa
Uma Quinta-feira Santa, depois da missa, lavámos os pés uns dos outros e, depois, à mesa, comendo o cordeiro pascal, recordámos:
“Onde estavas há dez anos?” “No hospital psiquiátrico...” “E tu?”
“Andava por aí, sentia-me só e angustiado. E agora, estamos juntos numa só família, unida por Deus”.
Fizemos a passagem da solidão - o asilo, o casebre - para a comunidade. Todos fizemos a passagem do Mar Vermelho, da escravidão do medo para a terra prometida da comunhão. Assim, na Quinta-feira Santa, contamos e depois celebramos a alegria da aliança, lembramo-nos do caminho percorrido e damos graças porque estávamos sós, “não um povo”, “não amados” e agora estamos juntos, somos irmãos e irmãs, um povo amado que caminha com Deus.
“Onde estavas há dez anos?” “No hospital psiquiátrico...” “E tu?”
“Andava por aí, sentia-me só e angustiado. E agora, estamos juntos numa só família, unida por Deus”.
Fizemos a passagem da solidão - o asilo, o casebre - para a comunidade. Todos fizemos a passagem do Mar Vermelho, da escravidão do medo para a terra prometida da comunhão. Assim, na Quinta-feira Santa, contamos e depois celebramos a alegria da aliança, lembramo-nos do caminho percorrido e damos graças porque estávamos sós, “não um povo”, “não amados” e agora estamos juntos, somos irmãos e irmãs, um povo amado que caminha com Deus.
Jean Vanier, A fonte das lágrimas
quinta-feira, março 22, 2007
Dia Mundial da Água
[hoje, Dia Mundial da Água, lembrei-me de recuperar e partilhar um texto já antigo]
Novembro estava a chegar ao fim, esplendorosamente vestido de tons dourados, castanhos e amarelos. Saímos em direcção à albufeira de Vilarinho das Furnas tendo por companhia as nuvens baixas, alguma breve chuva e a montanha bela, silenciosa e imponente. À medida que a manhã avançava e o caminho se abria à nossa frente, o grupo ia ficando mais unido e as palavras mais soltas.
A água foi uma presença constante nesta caminhada na serra do Gerês. Recordo os regatos a descer pelas encostas húmidas e a ribeira de São João do Campo correndo límpida – tão cristalina que para alguns era a primeira vez que tocavam numa água tão pura. Lá em baixo a vastidão azul da albufeira, vestida de nevoeiro, guardava as ruínas da aldeia mágica.
À noite, no aconchego da casa, as palavras de Francisco de Assis ajudaram-nos a dar sentido a cada gesto, cor, som, paisagem. Porém, a água – a irmã água – foi sem dúvida a actriz principal do dia: “preciosa e casta, humilde e boa, se corre, um canto a Ti entoa,” como reza o cântico das criaturas.
Penso que fomos felizes por duas razões: pudemos desfrutar dois dias de ar puro e soubemos ler a beleza com que, desde o alvor dos tempos, Deus vestiu aqueles penhascos, bosques e riachos. Sou daqueles que acreditam que a beleza está nos olhos de quem contempla. Por isso, para descobrir a beleza não basta olhar; é preciso saber ler os seus sinais.
A água foi uma presença constante nesta caminhada na serra do Gerês. Recordo os regatos a descer pelas encostas húmidas e a ribeira de São João do Campo correndo límpida – tão cristalina que para alguns era a primeira vez que tocavam numa água tão pura. Lá em baixo a vastidão azul da albufeira, vestida de nevoeiro, guardava as ruínas da aldeia mágica.
À noite, no aconchego da casa, as palavras de Francisco de Assis ajudaram-nos a dar sentido a cada gesto, cor, som, paisagem. Porém, a água – a irmã água – foi sem dúvida a actriz principal do dia: “preciosa e casta, humilde e boa, se corre, um canto a Ti entoa,” como reza o cântico das criaturas.
Penso que fomos felizes por duas razões: pudemos desfrutar dois dias de ar puro e soubemos ler a beleza com que, desde o alvor dos tempos, Deus vestiu aqueles penhascos, bosques e riachos. Sou daqueles que acreditam que a beleza está nos olhos de quem contempla. Por isso, para descobrir a beleza não basta olhar; é preciso saber ler os seus sinais.
quinta-feira, março 01, 2007
Gana: 50 anos de independência

Faz hoje 50 anos que o Gana se tornou independente, sendo o primeiro país da África, ao sul do Saara, a alcançar a independência. A 6 de Março de 1957, Kwame Nkrumah tornava-se o primeiro presidente do novo país. Passados 50 anos, Gana tem muitas razões para celebrar. Apesar das muitas dificuldades e crises que teve de enfrentar, o Gana é hoje um dos mais estáveis países africanos.
Junto-me com alegria a esta celebração, recordando os anos vividos no Gana, as comunidades cristãs de Kintampo, em Brong-Ahafo, o estudo da língua Twi em Abetifi, as muitas pessoas que me acolheram e ajudaram na missão. Na verdade, sempre agradecerei ter tido a possibilidade de conhecer um país tão rico do ponto de vista humano e cultural e ter tido a graça de ser missionário no meio de um povo tão acolhedor.
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
O Evangelho da vida
A vida humana é sagrada e inviolável em cada momento da sua existência, inclusive na fase inicial que precede o nascimento. Desde o seio materno, o homem pertence a Deus que tudo perscruta e conhece, que o forma e plasma com suas mãos, que o vê quando ainda é um pequeno embrião informe, e que nele entrevê o adulto de amanhã, cujos dias estão todos contados e cuja vocação está já escrita no « livro da vida » (cf. Sal 139/138, 1.13-16). Quando está ainda no seio materno — como testemunham numerosos textos bíblicos — já o homem é objecto muito pessoal da amorosa e paterna providência de Deus.
João Paulo II, encíclica Evangelium vitae